sexta-feira, 24 de julho de 2015

Uruguai - Colônia e Montevidéu



Quando Didy ficou oficialmente noiva, nós preparamos (mental e desorganizadamente) uma lista de coisas que gostaríamos de fazer juntas (e só nós duas) antes que ela casasse – o que deu origem a mais um blog abandonado e a uma ida ao Encontro com a Fátima (todos merecemos nossos 15 segundos (?) de fama, né?). 

O item mais importante da lista era uma viagem – algo que, como todas irmãs, já fizemos várias vezes, com o restante da família ou com amigos, mas nunca tínhamos feito sozinhas. Eu pensei em algo prático e barato, tipo região dos Lagos. Ela sugeriu uma saidinha do Brasil. 

Nossa primeira opção era Buenos Aires, mas, de um lado, ouvimos que lá estava perigoso, e de outro, colegas sugerindo conhecer o Uruguai. Decidimos, então, pela terra do Mujica e do Eduardo Galeano (<3) – pra mim, era uma maneira de colocar nossa viagem um pezinho à esquerda...


Queríamos Montevidéu e Punta del Este, mas, quando fui em busca de dicas, ouvi que Punta era lugar de gente esnobe, “uma Barra da Tijuca piorada”... Resolvemos não arriscar. Trocamos as praias de nariz em pé pela calmaria de Colônia. E adoramos!



Conhecer o Uruguai nunca tinha me passado na cabeça, sei lá porque, mas curti muito o país. Como voltamos há alguns meses já, não lembro de muitos detalhes. Acho que o que mais gostamos, nas duas cidades, foi mesmo ficar andando sem destino, olhando as ruas, a orla, as pessoas – sempre tinha gente dançando tango, o que era muito legal! Montevidéu tem parques lindos, que me lembravam a Europa. 


Ficamos dois dias em cada cidade e acho que foi quase suficiente. Ficamos em hostels – estreia de Didy na vida de viajante sem grana. E foi ótimo! El Viajero em Montevidéu e Chez Lagarto em Colônia.


Fomos de ônibus entre uma cidade e outra e adorei a estrada, cheia de vaquinhas. Achamos tudo caro, também porque trocamos o real por pesos no Brasil, o que não é uma boa ideia. Comemos muito alfajor! E fomos muito felizes!  



quinta-feira, 21 de maio de 2015

Colômbia - Cabo de la Vela


Ir para a Colômbia sozinha e ainda viajar de ônibus pelas estradas do país já parecia aventura suficiente, mas foi absolutamente fácil e nada assustador até inventar de ir ao Cabo de la Vela, um quase deserto no distrito de Guajira - conhecido pela comunidade e artesanato indígena,  perto na fronteira com a Venezuela.

De Santa Marta, subi até Palomino, uma praia enorme e brava - acho que mais legal para quem curte surf e tal. Mas o hostel, The Dreamer, era uma delícia, com piscina, bar e tudo o mais. (Aliás, acho que já comentei que os hostels da Colômbia são os melhores que já conheci, né?!)
 
Pedi informações de como podia chegar até Cabo de la Vela e a funcionária do hostel me indicou um transporte privado e uma pousada e ainda me tranquilizou dizendo que era mais urbanizado do que parecia. Como tudo até ali tinha corrido super bem, fiquei tranquila.

Peguei um ônibus que me deixaria num cruzamento, ali teria que pegar um outro carro que me levaria até um vilarejo onde o tal transporte privado me buscaria. O detalhe é que esse cruzamento era uma loucura e os carros que ofereciam transporte eram simplesmente carros. Nenhum indicativo de empresa, cooperativa, nada. Era confiar no dono do carro e entrar. Como não tinha outro jeito...


Quando cheguei no tal vilarejo, já estava muito assustada e fiquei mais ainda. É o lugar mais sujo que já estive na vida. Muito muito muito lixo no chão. Vacas andando livre, leves e soltas. E o tal transporte privado era um caminhão com uma carroça aberta, onde iríamos nós. Estive a ponto de desistir e voltar pra Palomino, mas como já tinha passado todo o perrengue, decidi ir até o final.

Transporte até Cabo de la Vela

Apertadíssima na carroça do caminhão, entramos no deserto, muita areia batendo no rosto e um pouco de medo qd vi soldados do exército desfilando armados. Foi o único momento na Colômbia que realmente me senti insegura ou com medo de guerrilha.

 
Moradores locais
Enfim chegamos ao Cabo de La Vela e minha pousada era uma cabana na areia da praia. Quando pedi para tomar banho, a menina me deu um balde d'água com uma caneca e me levou para um quadradinho de palha. E isso era tudo.


Além da aventura um pouco assustadora, Cabo de la Vela é um dos lugares mais impressionantes que já fui. É até difícil descrever, mas acho que as fotos falam melhor do que as palavras, nessas horas.





 

terça-feira, 24 de março de 2015

Colômbia – Aracataca/Macondo




A primeira vez que toquei no “100 anos de solidão” eu tinha acabado de entrar na faculdade e estava decidida a me tornar uma leitora assídua, mas confesso que abandonei o livro antes de chegar à metade. Nosso reencontro foi muitos anos depois, na estante do meu antigo trabalho, e aí sim consegui ler tudinho e ainda gostar muito. Por isso defendo que julgamentos de livros/filmes/arte (e talvez de tudo) devem ser sempre provisórios. Às vezes, é apenas o momento errado. Ou foi apenas o momento certo.



Quando cheguei à Colômbia, já era fã do Gárcia Márquez e queria ver tudo que se relacionava com ele, mas visitar Aracataca, a cidade que inspirou Macondo, nem tinha passado pela minha cabeça. Até que descobri que estava bem mais perto do que imaginava e dava para fazer um bate-volta (fica a pouco mais de uma hora de ônibus de Santa Marta). O estranho é que ninguém sabia explicar como se fazia para chegar lá e minhas perguntas pareciam quase uma aberração. Depois entendi o porquê disso. Aracataca, de fato, não tem absolutamente nada de turístico. É um vilarejo super simples, pacato, bucólico. Tem a casa onde o Garcia Marques cresceu, que virou um museu bem bonitinho, e só. E, claro, uma pracinha com uma igreja. E a estação de trem!



Ainda no caminho, o que me chamou a atenção foram as plantações de bananeiras - a cena mais marcante do “100 anos” pra mim é o massacre dos trabalhadores grevistas da United Fruit Company. Gostei também de andar nos táxis-bicicletas. 



Independente do livro e do Gárcia Márquez, conhecer Aracataca é uma oportunidade de ver um pouco da vida de uma Colômbia fora dos roteiros.


domingo, 22 de março de 2015

Colômbia - Parque Tayrona



Quando eu era criança, imaginava o Édem literalmente como um jardim, desses que se tem em casa. E achava meio entediante. Depois, entendi que seria necessário uma natureza mais complexa para abrigar tantas vegetações e animais e comecei a pensar em algo como uma floresta, mas nunca tinha conseguido visualizar o Édem na minha cabeça - até que visitei o Parque Tayrona. É a natureza habitável mais incrível/intacta/deslumbrante que já vi. Sem dúvidas, uma das melhores experiências da minha vida.


O Parque Tayrona é uma reserva natural tombada ao norte de Santa Marta. É enorme, e com poucas partes acessíveis de carro. Para conhecer um pouquinho do parque é preciso disposição para caminhar e paciência para enfrentar toda a burocracia de ingresso. Da entrada principal, uma van te deixa um pouco mais dentro da mata e depois, só a pé ou a cavalo. Uns 15 minutos a pé te deixam na praia com melhor infraestrutura do parque, que tem inclusive um tipo de spa. Mas fora isso, o parque é bem organizado, mas sem grandes estruturas.
Duas horas de caminhada te deixam no camping principal, bem na praia, onde se pode dormir nas barracas ou nas redes. Eu dormi na rede e acordei bem cedo pra ver o nascer do sol.
Dentro do Parque ainda existem tribos indígenas quase independentes. Fiz amizade com uma das crianças que conheci no caminho e fui visita-los. Fui bem recebida, mas me senti muito intrusa e nem sequer tirei foto.


sexta-feira, 20 de março de 2015

Colômbia - Santa Marta e arredores


Desde que, há mais de 10 anos, assisti a "Diários de Motocicleta" - um dos meus filmes preferidos - tenho vontade de fazer um mochilão por aqui. Quando decidi ir para Colômbia (depois de ler As Veias Abertas da América Latina, como já disse), queria fazer uma viagem literalmente pé no chão. Conhecer as estradas, as cidades não tão turísticas, a "realidade" - como se fosse possível. Por isso, depois de voar de Bogotá para Caragena, subi a costa colombiana de ônibus, sem datas, reservas de hotéis, nem nenhum agendamento prévio. Meu único compromisso era estar no dia 17 de manhã em Riohacha, para voltar para o Rio. E não poderia ter feito escolha melhor. 

A primeira cidade importante ao norte de Cartagena é Barranquilla, onde a Shakira nasceu. Mas como todos disseram que nada tinha de interessante, fora o carnaval, passei direto para Santa Marta - quatro horas de ônibus em uma rodovia em ótimo estado. 


O centro de Santa Marta não passa de uma praça com igreja, um agitado comércio local e uns restaurantes e bares bacanas que bombam à noite. A graça de lá está nas praias. De um lado, a costa de Rodadero: praia bonita, água quente e calminha e um pôr-do-sol espetacular - o que é comum na Colômbia, aliás.



De outro, Taganga: uma vila de pescadores com um estilo bem alternativo, famosa pelo agito noturno. Da enseada principal, uma trilha de 20 minutos ou um barquinho de 5 te deixam na Playa Grande - bonita mais pelo entorno de vegetação bem diferente do que por ela em si, que tem pedrinhas no fundo.


Ainda nos arredores de Santa Marta, tem a Minca, região cafeeira (o café colombiano é bastante famoso), nos pés da Serra Nevada. Fiz um passeio que levava para conhecer uma fábrica de café e a cachoeira Poço Azul - bem gostoso.








domingo, 8 de março de 2015

Colômbia - Cartagena



Eu confesso que minha principal e mais antiga referência de Cartagena não era "O Amor nos Tempos do Cólera", e sim, "Betty, a Feia" (a novela embalou meus anos de adolescência e o romance do Garcia Marques só me alcançou meses antes de eu embarcar para a Colômbia). Mas, independente dessas relações e muito acima das minhas expectativas, a cidade me conquistou no instante que cruzei a muralha com os olhos cheios d´água.



Às vezes, é possível identificar precisamente o que te encantou em tal lugar, às vezes, não. No caso de Cartagena (assim como no de Barcelona), não saberia dizer o porquê de me sentir assim tão apaixonada... Só sei que foi assim.


Sair de Bogotá para Cartagena é quase mudar de país. A temperatura, as pessoas, o clima... É tipo sair de São Paulo para o Rio, de 10° para 40° graus.

Cartagena tem alguns museus que parecem interessante, o do Ouro, o da Inquisição, mas eu preferi simplesmente flanar pelas ruas estreitas de pedra, admirando as casinhas coloridas e floridas... Embora tenha bastante turista, é uma delícia simplesmente passear pela cidade. Ah, e também andar em cima da muralha, é claro. E assistir o pôr do sol de lá...


As praias de Cartagena não têm nada demais, mas é só pegar um barco para estar no maravilhoso Caribe. É o mar mais bonito que já vi na vida, desbancando inclusive as ilhas gregas que conheci e a costa carioca. Fiz o passeio de barco rápido para Ilhas Rosário e Playa Branca e indico muito. O barco é balança muito, mas até isso é legal.


Em Cartagena também tem um passeio para o Volcão El Totumo, onde é possível tomar um banho de lodo com direito a massagem (por 3.000 pesos, menos de 5 reais). É bem nojento, mas uma experiência... Depois dá pra tomar um banho no rio do lado, o que é bem gostoso. 



O prato típico da costa colombiana é pescado, com arroz de coco e patacon. Eu amei! Comi quase todos os dias. 

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Colômbia - Introdução e Bogotá

Minhas férias estavam programadas para ser na Europa, mas a alta do Euro e a leitura super tardia de "Veias Abertas da América Latina", do Eduardo Galeano, me fizeram optar por uma viagem na América do Sul. Escolhi a Colômbia sem nenhum motivo especial. Era o país de Betty, a Feia, do García Márquez, tinha o Mar do Caribe e não estava tão caro. Foi o suficiente!

Depois de alguma pesquisa na internet e busca na minha rede de contatos por quem já conhecia o país, escolhi o seguinte roteiro: Bogotá, Cartagena e, de lá, subir de ônibus pela costa do país até Riohacha - cidade pouco turística e não muito conhecida por aqui. Adorei e super recomendo! Pelo que ouvi, aqui e principalmente quando cheguei lá, se tivesse mais tempo e dinheiro, poderia ter incluído também Medellín, San Andrés, que parece mesmo maravilhoso, e Barranquilla no carnaval (e apenas nessa festa. Fora isso, não tem nada).

Minha primeira impressão da Colômbia foi o quanto eu sou ignorante (cada vez me dou mais conta disso, aliás) e o quanto nossos medos estão, muitas vezes, baseados na simples falta de conhecimento. Não achei tão barato quanto me disseram, mas a hospedagem tem o melhor custo-benefício dos países que já visitei. Todos os hostels que fiquei eram super cools e razoavelmente limpos, na medida do possível, além de muito baratos (média de 10 dólares à noite, com café da manhã).


Bogotá é, que eu me recorde, a cidade melhor ocupada que já visitei. Tem street art para todos os cantos: graffiti, artistas performando nas praças, gente jogando xadrez, jovens sentados pelas calçadas, conversando, tocando, pintando, treinando artes circenses... Foi isso o que mais me chamou atenção por lá. O ambiente das ruas era bem mais legal que os dos restaurantes e barzinhos, que, aliás, fecham bem cedo. Fora da Zona T, área nobre e famosa pela noite, é difícil encontrar algo aberto depois das 21h.


Não achei a cidade exatamente bonita, mas a Praça Bolívar tem seu charme. É onde fica o palácio do presidente, o parlamento e a igreja, que me lembrou a de Praga. A subida ao Monserrate também é muito bacana - tem uma ótima vista da cidade e dá pra sentir como nunca o ar rarefeito por estar a mais de três mil metros acima do nível do mar. Pode subir a pé (umas duas horas de trilha), de bondinho ou de funicular (mas esse só funciona de manhã).


Para visitar, achei que vale muito a pena o Museu do Ouro (principalmente se você tiver decidido viajar depois de ler As Veias! hahaha), o Museu Nacional, o Museu Botero (adorei! Fiquei muito surpreendida!) e o Centro Cultural García Marquez (não é um museu sobre o autor, mas tem uma livraria ótima e uns restaurantes legais). Fiz o Graffiti Walking Tour e achei bem interessante.

Fiquei hospedada na Candelária, um bairro que me lembrou Santa Tereza, no Rio. É bem artístico e pertíssimo dos principais pontos turísticos. Fiz tudo a pé. O Chocolate Hostel é bem gostosinho e limpo. Na mesma rua, tem vários outros hostels que também parecem ótimos.



Na Colômbia, tem muita barraquinha de comida de rua - vendendo frutas, sucos, e comidinhas típicas - adorei as arepas. Experimentei quase tudo e não morri (mas confesso que meu organismo é bem treinado para podrões! hahaha).



Ah... me apaixonei pelo céu da Colômbia!