quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Um ano depois... E agora?





Em novembro de 2011, quando visitava Londres pela segunda vez, senti um calafrio no coração. Foi a primeira vez que tive vontade de morar na Europa de verdade, pra sempre. Era outono e eu passeava pelo parque Greenwich. As folhas vermelhas e amarelas pelo chão, o sol radiante com friozinho gostoso, o sotaque inglês, a educação inglesa, os ingleses... Tudo isso junto me dava paz e felicidade que não queria abrir mão. 


Um ano atrás, voltei para o Brasil, como sempre soube que faria. Desde então, senti algumas vezes um calafrio no coração por saber que tinha tomado a decisão certa. Pela certeza de que o Rio é meu lugar. Mas outras tantas senti um aperto imenso no peito de saudade da Europa e da minha vida por lá.


Ontem, 15 de outubro, dia dos professores, depois de mais uma manifestação, me dei conta de algo: ainda bem que estou no Rio. A possibilidade de não estar no Brasil nem tinha passado pela minha cabeça, embora ela fosse real, e senti mais uma vez um calafrio (a providência divina nunca falha). Nesse momento tão importante da história do país e da cidade, eu sofreria amargamente se estivesse longe. Eu, que participei de quase todos os protestos, poderia estar vendo tudo de longe, pelos posts do Facebook, admirando e me preocupando com que rumo as coisas vão tomar. De perto, ainda admiro e me preocupo muito, até me deprimo, mas pelo menos estou aqui, posso agir, posso participar, posso fazer a história. 



Não sei o que vai acontecer daqui pra frente, nem na minha vida pessoal, nem nesse país que tanto amo. No fundo, talvez pouco importe. Afinal, meu mundo não é aqui e nada do que aqui se passa é verdadeiramente bom. Mas não podemos deixar de lutar, ainda que a batalha seja perdida. Sempre. 


"Sou um perdedor. Em todas as minhas lutas fui derrotado. Lutei por educação básica de qualidade para todos, perdi, lutei por universidades públicas com ensino de qualidade, perdi, lutei pelo respeito aos índios e sua cultura e também perdi. Mas minha derrota é na verdade minha maior vitória, pois eu não gostaria de estar no lugar de quem venceu." (Darcy Ribeiro)

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